top of page

A arquitetura no enfrentamento da pandemia do coronavírus

  • Foto do escritor: Administrador
    Administrador
  • 21 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

No Brasil, já são mais de 100 hospitais de campanha implantados ou em vias de execução. Qual tem sido a participação dos arquitetos no processo e quais os parâmetros técnicos para os projetos?


Em São Paulo, até o momento, foram implantados três hospitais de campanha, sendo dois pela municipalidade (no Estádio do Pacaembu e no Pavilhão de Eventos do Anhembi) e um pelo governo estadual, no Ginásio do Ibirapuera. O arquiteto Camilo Chingotte, da Secretaria da Saúde do Governo do Estado de São Paulo, revela que quando começaram a surgir os primeiros casos da doença, houve a preocupação com a super lotação dos hospitais da rede.

"Tendo em vista que nenhum sistema de saúde, em qualquer lugar do mundo, foi desenhado uma estrutura específica para atender pandemias, primeiramente criamos mais de 500 leitos adaptando áreas diversas nos equipamentos do Estado e implantamos também conteiners de ‘triagem’ no estacionamento de alguns hospitais para que os pacientes não tivessem contato com as pessoas no seu interior", revela o arquiteto. Com base no aumento de número de infectados, no início de abril, optou-se pela criação de um hospital de campanha. A ideia foi procurar locais (espaços abertos como campos de futebol) em pontos estratégicos para atendimento de casos de baixa e média complexidade, considerando-se como programa o estritamente necessário para uma unidade de ‘internação’ além de áreas essenciais de apoio e espaços para a realização de exames como tomografia. Começou-se pela região central e abre-se o leque para as periferias, caso seja necessário.

Hospital de Campanha Ibirapuera / SP. Fonte: Revista Projeto


A velocidade é impressionante: desde que se decide pela construção do equipamento transcorrem, em média, escassos 20 dias até que um hospital efêmero esteja pronto para uso, informa o arquiteto, salientando que a unidade do Ginásio do Ibirapuera, totalizando 268 leitos, foi implantada em 15 dias. Natural que seja assim, dada a urgência da situação, mas quais as balizas que garantem a eficácia dos equipamentos?


No início, como tudo aconteceu muito rapidamente, utilizamos como base a RDC 50”, explica Chingotte, referindo-se à norma técnica publicada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2002 a fim de regular a infraestrutura de estabelecimentos assistenciais de saúde brasileiros. Depois, a própria agência publicou uma nota técnica (NT 69/2020) em 9 de abril passado – voltada ao atendimento adulto em que não se requeira o nível de uma unidade de terapia intensiva -, atualizada quatro dias depois, contendo orientações específicas para hospitais de campanha.


Nela, não constam modelos de espaços físicos, por exemplo, mas instruções de natureza sistêmica (que consideram também o uso dos espaços) além de uma lista de itens a serem contemplados pelo projeto arquitetônico e seus complementares nas sequenciais fases de desenvolvimento dos mesmos. A atenção especial é dedicada às instalações, sobretudo no que diz respeito à climatização, biossegurança, fornecimento e consumo de água e eletricidade, Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros e licenças ambientais.

Instalações do Hospital de Campanha Ibirapuera / SP. Fonte: Revista Projeto


No que diz respeito aos ambientes de saúde, algumas das recomendações relativas aos espaço físico são levantadas pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil e pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH):


– Prever ventilação natural ou sistema de ar condicionado com renovação de ar; adaptar leitos de internação comum por meio da criação de barreiras técnicas provisórias com biombos e EPIs (Equipamentos de proteção individual) permitindo que a equipe esteja atenta e se paramente antes de entrar em contato com o paciente; instalar pias para lavagem de mãos em corredores e hall de acesso principal; afastar as poltronas em salas de espera; criar esperas em áreas externa e jardins;


– Reorganizar as esperas de modo a separar o fluxo e a permanência dos usuários que apresentam sintomas/suspeita daqueles que não apresentam. Se possível, organizar uma espera ao ar livre ou em área com ventilação natural.


Chingotte cita ainda como baliza para os hospitais de campanha – que, segundo o arquiteto, não têm um tamanho recorrente já que variam bastante a região de implantação, a demanda (quantitativa) e o espaço ou o terreno disponibilizado para a montagem – a NT 06 da Rede Ebserh  (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, vinculada ao Ministério da Educação e responsável pela operação de um conjunto de 40 hospitais universitários federais no país). “Hoje, para a montagem dos hospitais de campanha realizados pela Secretaria da Saúde do Governo do Estado de São Paulo, exigimos o atendimento das recomendações da Anvisa, tanto no espaço físico quanto nas instalações”, explica.

Canteiro de obras do Hospital de campanha Leblon-Barra / RJ. Fonte: Revista Projeto


Da sua experiência acumulada com a pandemia do coronavírus, há as máximas de se levar em conta os riscos de infecção e contaminação – analisados pelo departamento de arquitetura da secretaria juntamente com a equipe médica – sem abrir mão do melhor aproveitamento possível do espaço e a criticidade do assunto climatização. “O ideal é um sistema com no mínimo 12 trocas de ar/hora além da filtragem. Feito dessa maneira, por exemplo, consideramos que o Ibirapuera é um hospital classificado como uma grande unidade de isolamento contendo 100% do ar expurgado com filtragem e pressão negativa”, explica o arquiteto, que assinala ainda que costumam ser empregados materiais comuns em eventos, como tendas em lona antichama, divisórias do tipo octanorm (painéis TS, de laminado melamínico estrutural) e piso em manta sobre piso elevado.


Comments


  • White Instagram Icon

Contato

Endereço

Nos encontre também no Instagram!

Escritório Verde - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Sede Centro 

Av. Silva Jardim, 807 - Rebouças, 80230-000 Curitiba - PR 

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Sede Ecoville

Rua Dep. Heitor Alencar Furtado, 5000

Cidade Industrial de Curitiba, 81280-340 Curitiba - PR

Secretaria                                Janete Fujihara                                                  (41) 3279-6837

                             janeteutfpr@gmail.com

 

Coordenação 

Prof. Eloy Fassi Casagrande Jr.

               eloy.casagrande@gmail.com

CECONS LOGO.jpg
escritorio_verde_ logo.jpg
bottom of page